NEGÓCIOS

 Agremiações quebram contrato com o Clube dos 13

Depois de mais de 20 anos de parceria entre os clubes de futebol e o Clube dos 13 alguns times rompem o contrato com a entidade e negociam os direitos de transmissão diretamente com as emissoras de TV

O Clube dos 13 é uma associação dos maiores e mais importantes clubes de futebol do Brasil atuando na defesa dos interesses desses clubes e das maiores torcidas do país em abrangência nacional. Alguns clubes, como o Corinthians, alegam que não estão de acordo com as negociações que seus membros e dirigentes tomaram quanto aos direitos de transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro a partir de 2012 e, portanto decidiram pelo rompimento com a instituição.

Outros clubes do Rio de Janeiro se desligaram também o que confere a possibilidade de os mesmo terem autonomia para negociarem os direitos de transmissão das partidas diretamente com emissoras de TV. Atualmente a TV Globo que detém os direitos para transmitir o principal torneio nacional ate o fim do ano repassando o sinal à TV Bandeirantes. Com esse rompimento cada clube poderá negociar diretamente com as emissoras abrindo assim novas oportunidades entre as demais concorrentes.

Primeiro Rompimento

O primeiro clube a romper o contrato com a entidade e requerer sua desfiliação (em 23/03/2011) foi o Corinthians que passou a negociar diretamente com as emissoras de televisão. Após analisar as propostas recebidas pela Record, Rede TV e Globo o clube resolveu fechar contrato com a emissora carioca – Globo – que já tinha os direitos de transmissão fechados com o Clube dos 13 para o Campeonato Brasileiro de 2012, 2013 e 2014. Alguns times cariocas já haviam anunciado que seguiriam os passos do timão – Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco e mais tarde o Coritiba, Cruzeiro, Vitória, Santos, Goiás, Sport e Bahia.

Isso gerou muita revolta por parte dos outros veículos de TV que buscavam através dessa oportunidade quebrar o monopólio subliminar existente em torno da maior emissora de TV do país. O próprio Clube dos 13 tentou intervir na negociação alegando que o contrato firmado entre a entidade e os clubes, na condição de avalista dos empréstimos financeiros, lhe garante os direitos de negociar, assinar e receber pelos direitos de transmissão dos Campeonatos Brasileiros nos anos em questão.

O Produto Futebol

Para Felipe Cloretti Libertini, publicitário e especialista em assuntos esportivos da TV Bandeirantes o futebol deveria ser visto como um produto: “O Clube dos 13 deveria enxergar o futebol como um produto e brigar pelos direitos de todos os clubes envolvidos como um todo e não somente quanto aos direitos nas transmissões televisivas como ocorre hoje”. A partir do momento que existe uma entidade que representa a maioria dos clubes, de grandes a pequenos, há a oportunidade de melhores negócios e contratos junto aos meios de comunicação em nome de todos: “A demanda seria maior que a oferta, ou seja, os clubes poderão negociar as partidas dos campeonatos com as emissoras de TV que ofereçam as melhores propostas”, complementa.

Se o Clube dos 13 mudasse o foco e negociasse de acordo com os interesses do grupo futebol, seria vantagem manter a entidade desde que os clubes pudessem interferir nessas negociações um em nome do outro, agindo como um todo. Ate o momento, o que se via era um único veículo de comunicação fazendo parte dessa negociação e com valores pouco competitivos. Caso a oferta fosse aberta às demais emissoras de TV e mídias, os valores negociados seriam melhores que os praticados até então.

As vantagens de negociar diretamente com as emissoras de TV

Alguns clubes perceberam a oportunidade de fecharem contratos com valores melhores e por isso partiram para as negociações diretas com as mídias: “O Corinthians recebia em torno de 40 a 45 milhões de reais por ano pelos direitos de transmissão, e assinando contrato direto com a Globo vai receber 110 milhões, quase 3 vezes mais que quando era filiada ao Clube dos 13”, calcula Libertini.

A concorrência

Quando o assunto é a briga pela audiência entre as emissoras de TV, Libertini ressalta que, para a Globo, que é a maior TV do país hoje, a concorrência com as demais emissoras não seria o problema porque os números de Ibope entre eles é bem distinto. “A concorrência do esporte futebol da Globo para a Record, por exemplo, é mais fácil que o inverso, pois se a transmissão da partida for na Record ela terá que concorrer com programas com bons números de Ibope da concorrente”, disse.

Os clubes ainda não tiveram a real noção do potencial que o produto futebol tem como poder de negociação e que juntos poderiam ter fechado contratos muito melhores que o firmado entre o Corinthians e a Globo, por exemplo. Para Libertini, a Globo é a melhor emissora do Brasil tanto em equipe de profissionais do esporte quanto em qualidade de transmissão o que confere um belo espetáculo ao telespectador e torcedor brasileiro que é fanático por futebol. “Se o Clube dos 13 começasse a enxergar isso, poderia ter uma excelente relação com as mídias e proporcionar ao produto futebol melhores contratos”, analisa.

Histórico:

A Formação da entidade

O Clube dos 13 é uma entidade formada em 1987 pelos principais clubes do futebol brasileiro, que tinham divergências coma Confederação Brasileira de Futebol e que, naquele ano, acabaram jogando uma competição separada do Campeonato Brasileiro, a Copa União. Inicialmente era formado por 13 clubes, o que justifica o nome escolhido. Eram eles: Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Palmeiras, Santos, São Paulo e Vasco.

Sua formação se deu em virtude da polêmica no Campeonato Brasileiro de 1987 onde o Joinville foi desclassificado por um ponto tendo empatado com Sergipe em 1x1. Porem, um jogador sergipano foi pego no exame antidoping e isso causou revolta nos catarinenses que exigiam os pontos desse jogo.

A entidade parou de organizar seu campeonato próprio, mas manteve sua força. Com isso outros sete clubes passaram a integrar: Atlético-PR, Coritiba, Goiás, Guarani, Portuguesa, Sport e Vitória.